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Excesso de energético pode causar transtornos psiquiátricos, revela pesquisa da USP

Excesso de energético pode causar transtornos psiquiátricos, revela pesquisa da USP

O consumo de bebidas energéticas tem aumentado consideravelmente no Brasil, impulsionado por campanhas publicitárias e pela busca por um estilo de vida produtivo. No entanto, uma nova pesquisa da USP divulgada em outubro de 2024 alerta que o excesso de energético pode causar problemas psiquiátricos, impactando especialmente a saúde mental de jovens e adultos. 

Compreender como essas bebidas afetam o organismo e os riscos associados é essencial para fazer escolhas mais saudáveis e conscientes. Nós vamos abordar o tema neste artigo, com algumas dicas para aumentar sua disposição sem recorrer a bebidas energéticas.

Como o energético funciona no organismo

As bebidas energéticas são compostas principalmente por cafeína, taurina e uma combinação de vitaminas e açúcares. Esses ingredientes têm um efeito estimulante no sistema nervoso central, aumentando a sensação de alerta e reduzindo o cansaço temporariamente. A cafeína, o componente principal, atua bloqueando os receptores de adenosina, que promovem o sono, e liberando adrenalina, o que causa a aceleração do ritmo cardíaco e a liberação de energia.

Essa resposta biológica, embora útil para aumentar a produtividade, tem limites. O consumo excessivo dessas substâncias pode sobrecarregar o organismo e desencadear reações adversas, inclusive o “efeito rebote”, especialmente se não houver moderação.

O que é o efeito rebote causado pelos energéticos?

O chamado “efeito rebote” é uma consequência bastante conhecida, mas muitas vezes negligenciada, do consumo excessivo de bebidas energéticas – e isso inclui o cafezinho, sagrado para a maioria dos brasileiros. Quando uma pessoa ingere essas bebidas, a alta dose de cafeína e outros estimulantes proporciona um aumento temporário na energia, concentração e alerta. No entanto, essa sensação de vigor é, em grande parte, artificial e dura apenas por um curto período.

Passado o pico de energia, o corpo sofre um efeito oposto: uma queda abrupta na disposição, que pode ser ainda mais intensa do que o estado de cansaço original. Esse efeito rebote é causado porque o organismo, depois de ser estimulado de forma excessiva, entra em um estado de exaustão ao tentar recuperar o equilíbrio perdido.

Durante esse período, as pessoas podem sentir um extremo cansaço, falta de concentração, irritabilidade e até sintomas de depressão. Isso faz com que muitos sintam a necessidade de consumir mais energéticos para evitar a sensação desagradável, criando um ciclo vicioso perigoso. Esse padrão de uso frequente e dependência dos efeitos das bebidas pode resultar em sérios problemas para a saúde física e mental, agravando os riscos associados ao consumo descontrolado dessas substâncias.

Por que os jovens são mais suscetíveis ao consumo excessivo de energéticos?

O aumento no consumo de energéticos entre os jovens não é algo que acontece por acaso. Essa faixa etária, composta por adolescentes e jovens adultos, é especialmente vulnerável a práticas de consumo impulsionadas por tendências sociais, marketing e as crescentes demandas acadêmicas e profissionais.

Uma das razões principais para a alta adesão ao consumo de energéticos é o estilo de vida agitado. Hoje em dia, muitos jovens lidam com a pressão constante de obter bom desempenho acadêmico e profissional, mantendo, ao mesmo tempo, uma vida social ativa. Esses fatores levam a um cotidiano marcado por noites mal dormidas e longas horas de estudo ou trabalho. Para suprir a falta de descanso, é comum recorrerem a bebidas energéticas como uma solução rápida para melhorar a disposição e a concentração.

Além disso, a presença de propagandas atrativas e influenciadores digitais que promovem o uso desses produtos contribui para a percepção de que energéticos são uma maneira moderna e eficaz de lidar com o cansaço. Muitas campanhas associam o consumo de energéticos a sensações de liberdade, energia e sucesso, o que ressoa fortemente com o desejo dos jovens de se manterem ativos e competitivos.

Porém essa prática não é inofensiva. Como destacam especialistas, o consumo excessivo de cafeína e outras substâncias presentes nos energéticos pode desencadear sintomas de ansiedade, irritabilidade e até mesmo comportamentos de risco. Isso é especialmente perigoso para os jovens, cujo sistema nervoso ainda está em desenvolvimento e, portanto, mais vulnerável às consequências dos excessos.

Riscos do excesso de energético

Riscos do excesso de energético

Pesquisa da USP coordenada pelo professor Fernando Asbahr e divulgada em outubro de 2024 destaca que a ingestão exagerada de bebidas energéticas não apenas impacta a saúde física, mas também a saúde mental. O consumo excessivo de cafeína em energéticos está associado a um aumento de casos de ansiedade, sintomas depressivos e até mesmo comportamentos de risco.

O problema é que as doses de cafeína presentes nos energéticos são muito superiores às encontradas em outras bebidas, como o cafezinho. A Anvisa recomenda que adultos não ultrapassem 400 mg de cafeína por dia, mas um único energético pode conter até 300 mg de cafeína por litro, tornando fácil o risco de abuso.

Além disso, em alguns lugares do mundo, como na União Europeia, há uma exigência de que bebidas com mais de 150 mg de cafeína por litro incluam avisos em seus rótulos, alertando sobre os riscos, especialmente para crianças, mulheres grávidas e lactantes.

O estudo ainda mostra que o abuso da cafeína pode resultar em insônia, irritabilidade, aumento da pressão arterial e transtornos de ansiedade, criando um círculo vicioso que afeta o equilíbrio do organismo.

“O aumento e o consumo excessivo de energéticos se associam a sintomas preocupantes para a saúde mental. Não se trata de uma relação de causalidade direta, mas o risco é significativo o suficiente para merecer atenção”, reforça o professor Asbahr.

Políticas e regulamentações sobre o consumo de energéticos

Com a crescente preocupação sobre os efeitos negativos do consumo excessivo de energéticos, diversas nações começaram a implementar medidas para regulamentar a venda e o uso dessas bebidas. O Brasil, por exemplo, ainda tem regras relativamente brandas em comparação com outros países, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já impõe limites e alertas obrigatórios nos rótulos.

Na União Europeia, os regulamentos são mais rígidos. Como já mencionado, qualquer bebida que contenha mais de 150 mg de cafeína por litro deve apresentar um aviso claro sobre o alto teor de cafeína e alertar que o produto não é recomendado para crianças, grávidas ou lactantes. Em países como a França e a Noruega, algumas marcas de energéticos até enfrentam restrições mais severas quanto à venda para menores de idade.

Nos Estados Unidos, embora não haja uma legislação federal específica que proíba a venda de energéticos para menores, algumas cidades e estados começaram a discutir a necessidade de regulamentar melhor o acesso de jovens a esses produtos. Além disso, campanhas de conscientização têm sido uma ferramenta fundamental para educar o público sobre os riscos associados ao consumo desenfreado.

No Brasil, campanhas educativas são cada vez mais importantes, especialmente porque o consumo desses produtos está em alta entre a população jovem. A criação de iniciativas que promovam a conscientização sobre os riscos do abuso de energéticos, assim como a necessidade de um uso mais controlado e consciente, pode fazer uma diferença significativa.

Em resumo, o desafio de equilibrar o acesso e o consumo consciente de energéticos exige esforços conjuntos de regulamentações governamentais, campanhas de educação e responsabilidade por parte das empresas fabricantes. Essas políticas visam proteger o consumidor e reduzir a incidência de problemas de saúde relacionados ao abuso dessas substâncias.

Outras formas de melhorar sua disposição

Felizmente, há maneiras mais seguras e eficazes de aumentar sua energia e disposição sem recorrer a bebidas energéticas:

  1. Sono de qualidade: dormir entre 7 e 8 horas por noite é essencial para restaurar o corpo e a mente. Ter uma rotina de sono consistente ajuda a regular os hormônios que controlam o humor e a energia.
  2. Alimentação balanceada: o consumo de alimentos ricos em nutrientes, como frutas, vegetais, proteínas magras e grãos integrais, fornece a energia necessária para o dia todo.
  3. Exercícios físicos regulares: a atividade física libera endorfinas, conhecidas como hormônios da felicidade, que ajudam a melhorar o humor e a disposição.
  4. Hidratação adequada: muitas vezes, o cansaço é causado pela desidratação. Beber água regularmente é fundamental para manter o funcionamento ideal do corpo.
  5. Pausas e descanso mental: fazer pequenas pausas durante o trabalho ou estudos ajuda a manter a mente focada e evita a fadiga mental.

Essas práticas, combinadas, podem substituir a necessidade de estimulantes artificiais e trazer mais bem-estar a longo prazo.

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